Qual o lugar da arte?
Há um ar de provocação na proposta das duas últimas edições do Salão de Abril. No ano passado, 45 artistas, oriundos de diversas regiões do País, participaram da Mostra no Centro de Referência do Professor e nos terminais de ônibus do Siqueira e do Papicu. O 60º Salão de Abril continua o seu projeto anterior ao instituir novos espaços para a arte contemporânea quando promove uma reflexão sobre as fronteiras do espaço artístico institucional.
Durante três dias, 434 portfólios foram discutidos e, a partir de então, selecionados 30 artistas que estarão expondo gravuras, fotografias, pinturas, objetos, instalações, performances, intervenções urbanas e vídeo-arte. Os Artistas intervirão com suas obras no Passeio Público, nas ruas Major Facundo e Senador Alencar, indo ao encontro do Centro de Referência do Professor e da Galeria Antônio Bandeira.
O tema “ Qual é o lugar da arte?” suscita inúmeras questões que permeiam o pensamento artístico contemporâneo. Na teoria da Obra Aberta, Eco¹ define a arte como uma “ mensagem fundamentalmente ambígua, uma pluralidade de significados em um só significante”. Vivenciamos essa pluralidade na arte num fluxo poético hibrido e sincrético, onde tudo se amalgama. As discussões sobre o significado e o papel da arte, e qual é o seu lugar, ou seja, qual o espaço/ lugar ela deve ocupar, desenvolveu-se em congruência das primeiras pesquisas no campo da Estética. Porém, é a partir da década de 60 , no século de paradoxos como afirma Dreifuss² e da intervisualidade, que as discussões sobre espaço/lugar na arte contemporânea adquirem uma relevância, fomentado questionamentos sobre a fruição da produção artística fora do circuito tradicional das galerias e museus de arte.
Um novo percurso foi traçado na cidade para que a arte contemporânea possa em Fortaleza dialogar de forma sensível com o espaço urbano, possibilitando um encontro do espectador – transeunte, pessoas que percorrem o centro no seu dia-a-dia, com a arte.
Neste processo dialógico entre público e obra, parafraseando Isidore Ducasse, conde de Lautréamont, que as obras sejam realizadas não só pelos artistas, mas por todos... que as contemplem.
A prática artística deve ampliar seu espaço de atuação propondo táticas criativas críticas, táticas que ao utilizarem-se dos próprios referentes de outros campos representacionais, atuem na produção de uma verdadeira arte pública (Guatarri,1990).
Um (re)olhar, é isto que espero!
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¹ ECO, Umberto. Obra aberta. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1976.
² Dreifuss, René Armand. A época das perplexidades: mundialização, globalização e planetarização. novos desafios. Petrópolis: Vozes, 1996,
³ Guattari, Felix. As Três Ecologias. Campinas: Papirus, 1990.
Texto para o catálogo do 60º Salão de Abril Claudia Sampaio
claudia sampaio
MISTÉRIOS
Tem mistério a tua parede,
Mais um dia!
+ um dia + um dia + um dia + um dia + um dia + um dia + um dia + um dia.........
Que agonia!
Contar assim
INNNNNNNF I N I T A M E N T E........... !!!!!!
Quem olha não vê
Quem olha não sente
os mistérios que contêm a tua parede.
Quem olha se encanta,fica contente
E .............. vai embora
A casa FICA guardando os mistérios
Presos
Quem olha não sabe
Nem quebra-cabeça
Nem mágicas
São dores das almas
aflitas
do SEMPRE !
Quem olha não SE SABE
Quem olha não SE VÊ
Mistérios INNNNNNN F I N I T A M E N T E presos, disfarçados
na parede do teu coração.
Tem mistério a tua parede,
Mais um dia!
+ um dia + um dia + um dia + um dia + um dia + um dia + um dia + um dia.........
Que agonia!
Contar assim
INNNNNNNF I N I T A M E N T E........... !!!!!!
Quem olha não vê
Quem olha não sente
os mistérios que contêm a tua parede.
Quem olha se encanta,fica contente
E .............. vai embora
A casa FICA guardando os mistérios
Presos
Quem olha não sabe
Nem quebra-cabeça
Nem mágicas
São dores das almas
aflitas
do SEMPRE !
Quem olha não SE SABE
Quem olha não SE VÊ
Mistérios INNNNNNN F I N I T A M E N T E presos, disfarçados
na parede do teu coração.
Eliana De Francesco